Do Público de 2ª feira
PS quer conciliar turismo na serra da Malcata com protecção do lince-ibérico
Sandra Invêncio
Numa petição ao Governo, os deputados socialistas de Castelo Branco reclamam uma maior atenção com a Reserva Natural da Serra da MalcataA divulgação dos encantos turísticos da serra da Malcata é compatível com a protecção do lince-ibérico, uma espécie em extinção protegida pela Convenção de Berna e de interesse comunitário que requer a designação de zonas especiais de conservação, consideram os deputados socialistas eleitos pelo círculo de Castelo Branco. Numa petição enviada ao Governo, os parlamentares dizem que a serra, situada nos concelhos de Penamacor e Sabugal, não tem sido devidamente divulgada no sentido de conseguir atrair mais visitantes, havendo falta de informação e de sinalização nos acessos a esta reserva natural. "Será que se pretende a visita de turistas à reserva ou não?", questionam.Para o deputado Jorge Seguro, que é natural de Penamacor, a questão da preservação da natureza, do lince-ibérico e de todo o ecossistema que lhe está associado "não pode ser nunca colocada em causa", mas "deve permitir-se que as pessoas saibam o que existe ali, de forma a poderem visitar a reserva". Mais de 24 anos depois da criação em decreto da Reserva Natural da Serra da Malcata, esta montanha "é cada vez mais um centro de turismo rural e de natureza", defendem os deputados no requerimento apresentado. A Malcata assume "uma grande importância para o país e para a região, que procura apostar no turismo como uma das poucas opções de futuro e de fixação de populações", destacam ainda neste documento.Com a recente visita do Presidente da República, Jorge Sampaio, à reserva natural, há uma semana, no âmbito das jornadas sobre Turismo, "faz todo o sentido chamar a atenção para esta questão", nota Seguro, para quem a divulgação da serra e a colocação de sinalética nos acessos surge como fundamental para que se consiga atrair turistas. "Não há qualquer sinalização", insiste Jorge Seguro, para depois apontar para as falhas que existem nesta matéria, que estão expostas no "requerimento construtivo" que os socialistas do distrito fizeram chegar ao Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional. Segundo descrevem neste documento, "não se encontra ao longo do caminho principal nem um sinal, uma indicação do caminho seguir, numa estrada que termina numa encruzilhada - também sem qualquer sinal ou indicação". Quanto às casas de abrigo que ali estão, que custaram cerca de 180 mil euros, também não têm direito a qualquer sinalética, e, assim sendo, refere Jorge Seguro, "as pessoas não sabem que elas existem". Esta questão da sinalização ultrapassa as fronteiras da própria reserva, diz Jorge Seguro, que sublinha que a generalidade das estradas da região também não tem qualquer referência à existência da serra da Malcata. Os deputados querem por isso saber se o Governo prevê ou não a colocação de elementos identificativos, informativos ou de orientação na Malcata, bem como na região envolvente, explica Jorge Seguro. Em caso afirmativo, pretendem ainda saber se a Região de Turismo, o Instituto de Estradas de Portugal (IEP) e as câmaras municipais vão estar envolvidas neste processo.A questão da escassa afluência de visitantes à serra da Malcata foi, de resto, uma das questões centrais durante a visita de Jorge Sampaio, com o presidente da Câmara de Penamacor, Domingos Torrão, a ter considerado mesmo perante o chefe de Estado que a reserva "tem andado para trás" nos últimos anos, defendendo que é necessário abri-la à população. Domingos Torrão chegou a falar em "conservacionismo ermida" e defendeu mesmo que deveriam ser as câmaras municipais a fzer a gestão da serra e não o Instituto de Conservação da Natureza (ICN). Onde estão os linces-ibéricos?O lince-ibérico existe apenas no Centro e no Sul de Portugal e Espanha, estimando-se que em 1980 já só existiam uns 30 na serra da Malcata. Actualmente, não se sabe quantos exemplares deste carnívoro, que é o mais ameaçado do mundo, existem nestes dois países e nem na Malcata. O facto de terem sido observados linces-ibéricos na serra da Malcata levou a que, em 1981, esta montanha fosse classificada como reserva natural. O prncipal impulso para esta classificação foi a campanha Salvemos o Lince e a Serra da Malcata. Em 1987, foi classificada como Reserva Biogenética do Conselho da Europa devido à mata mediterrânica que aqui se encontra e que serve de habitat ao lince-ibérico. Há vários anos que ninguém avista esta espécie na Malcata.
Sandra Invêncio
Numa petição ao Governo, os deputados socialistas de Castelo Branco reclamam uma maior atenção com a Reserva Natural da Serra da MalcataA divulgação dos encantos turísticos da serra da Malcata é compatível com a protecção do lince-ibérico, uma espécie em extinção protegida pela Convenção de Berna e de interesse comunitário que requer a designação de zonas especiais de conservação, consideram os deputados socialistas eleitos pelo círculo de Castelo Branco. Numa petição enviada ao Governo, os parlamentares dizem que a serra, situada nos concelhos de Penamacor e Sabugal, não tem sido devidamente divulgada no sentido de conseguir atrair mais visitantes, havendo falta de informação e de sinalização nos acessos a esta reserva natural. "Será que se pretende a visita de turistas à reserva ou não?", questionam.Para o deputado Jorge Seguro, que é natural de Penamacor, a questão da preservação da natureza, do lince-ibérico e de todo o ecossistema que lhe está associado "não pode ser nunca colocada em causa", mas "deve permitir-se que as pessoas saibam o que existe ali, de forma a poderem visitar a reserva". Mais de 24 anos depois da criação em decreto da Reserva Natural da Serra da Malcata, esta montanha "é cada vez mais um centro de turismo rural e de natureza", defendem os deputados no requerimento apresentado. A Malcata assume "uma grande importância para o país e para a região, que procura apostar no turismo como uma das poucas opções de futuro e de fixação de populações", destacam ainda neste documento.Com a recente visita do Presidente da República, Jorge Sampaio, à reserva natural, há uma semana, no âmbito das jornadas sobre Turismo, "faz todo o sentido chamar a atenção para esta questão", nota Seguro, para quem a divulgação da serra e a colocação de sinalética nos acessos surge como fundamental para que se consiga atrair turistas. "Não há qualquer sinalização", insiste Jorge Seguro, para depois apontar para as falhas que existem nesta matéria, que estão expostas no "requerimento construtivo" que os socialistas do distrito fizeram chegar ao Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional. Segundo descrevem neste documento, "não se encontra ao longo do caminho principal nem um sinal, uma indicação do caminho seguir, numa estrada que termina numa encruzilhada - também sem qualquer sinal ou indicação". Quanto às casas de abrigo que ali estão, que custaram cerca de 180 mil euros, também não têm direito a qualquer sinalética, e, assim sendo, refere Jorge Seguro, "as pessoas não sabem que elas existem". Esta questão da sinalização ultrapassa as fronteiras da própria reserva, diz Jorge Seguro, que sublinha que a generalidade das estradas da região também não tem qualquer referência à existência da serra da Malcata. Os deputados querem por isso saber se o Governo prevê ou não a colocação de elementos identificativos, informativos ou de orientação na Malcata, bem como na região envolvente, explica Jorge Seguro. Em caso afirmativo, pretendem ainda saber se a Região de Turismo, o Instituto de Estradas de Portugal (IEP) e as câmaras municipais vão estar envolvidas neste processo.A questão da escassa afluência de visitantes à serra da Malcata foi, de resto, uma das questões centrais durante a visita de Jorge Sampaio, com o presidente da Câmara de Penamacor, Domingos Torrão, a ter considerado mesmo perante o chefe de Estado que a reserva "tem andado para trás" nos últimos anos, defendendo que é necessário abri-la à população. Domingos Torrão chegou a falar em "conservacionismo ermida" e defendeu mesmo que deveriam ser as câmaras municipais a fzer a gestão da serra e não o Instituto de Conservação da Natureza (ICN). Onde estão os linces-ibéricos?O lince-ibérico existe apenas no Centro e no Sul de Portugal e Espanha, estimando-se que em 1980 já só existiam uns 30 na serra da Malcata. Actualmente, não se sabe quantos exemplares deste carnívoro, que é o mais ameaçado do mundo, existem nestes dois países e nem na Malcata. O facto de terem sido observados linces-ibéricos na serra da Malcata levou a que, em 1981, esta montanha fosse classificada como reserva natural. O prncipal impulso para esta classificação foi a campanha Salvemos o Lince e a Serra da Malcata. Em 1987, foi classificada como Reserva Biogenética do Conselho da Europa devido à mata mediterrânica que aqui se encontra e que serve de habitat ao lince-ibérico. Há vários anos que ninguém avista esta espécie na Malcata.