sexta-feira, abril 29, 2005

A Malcata é nossa

A propósito do meu amigo que visitou a Serra da Malcata apetece-me escrever aquilo que é óbvio mas que não deixa de ser importante. O património ambiental e cultural, bem como os fundos públicos que foram afectos a este projecto como a outros do nosso concelho, são isso mesmo: públicos.
Não me parece que no nosso exercício de cidadania e de contribuintes... possamos tomar aquela atitude "do deixa andar". Estar atento é um direito mas acima de tudo um dever. E parece-me que a Malcata precisa desse olhar atento!

quarta-feira, abril 27, 2005

Serra da Malcata, é para visitar?


Um amigo que neste fim-de-semana visitou a serra da Malcata ficou com uma dúvida: pretende-se que as pessoas visitem o Parque e a Serra ou pelo contrário pretende-se evitar que as pessoas visitem aquele espaço?
Diz-me ele que ao longo do percurso encontrou vários caminhos mas nem um sinal, uma indicação, do caminho seguir, numa estrada que termina numa encruzilhada - também sem qualquer sinal ou indicação.
"Não há qualquer indicação. Só o horizonte de má qualquer informação. Em frente vê-se a barragem, do lado esquerdo uma subida mais ou menos suave. Do lado direito, uma subida mais íngreme". O que fazer, pergunta ele? "A resposta só pode ser intuitiva.Enquanto esteve a pensar o que fazer apareceu uma família num outro carro e perante a mesma dúvida e a ausência de uma ajuda da minha parte, decidiu inverter a marcha e foram embora. Nem saíram do carro.
Optei por ir a pé pela subida mais íngreme. Lá do alto vi a serra, a barragem e, julgo Meimão. Quando descia, um casal que entretanto surgiu, decidiu também fazer a caminhada. Quando nos encontrámos perguntaram o que se via lá em cima, se valia a pena fazer a viagem, porque não havia qualquer indicação.
Quando regressei a Penamacor pensei em, mais tarde, fazer uma nova incursão pela serra da Malcata. Mas fiquei com uma dúvida: será que eles querem que eu volte?. Será que desejam que a serra seja visitada? Ou preferem que fique isolada, selvagem e quase inacessível ao cidadão comum?Se a última suposição for a correcta, então está bem. Se não, se querem que as pessoas visitem a serra, então não faz sentido a escassez de informação quando se chega ao Parque. Já para não falar na ausência de visibilidade ao longo das estradas da região."

quarta-feira, abril 20, 2005

Cultura Luso-Espanhola em Penamacor

A Casa Comum das Tertúlias organizou, com sucesso evidente, mais uma iniciativa. Leia aqui, a notícia do Diário XXI.
Penamacor precisa que iniciativas como estas se multipliquem e ganhem a notoriedade que merecem. Penamacor fica a ganhar.

A nossa equipa da ADEP continua a lutar pela subida à III Divisão Nacional. A equipa não depende apenas do seu esforço e inspiração mas, tenhamos fé...

domingo, abril 17, 2005

Rock na Benquerença em 2005?

Fontes bem informadas asseguraram-nos que este ano vamos ter reedição do Festival de Rock na Benquerença. Esperemos que assim seja...
Os arranjos no Moinho continuam (caminhando a passos largos para ser uma praia fluvial de primeira água - haja chuva!) e beneficiarão também iniciativas como o Festival de Rock da Benquerença.
Por enquanto nem uma gota de água verte das comportas da barragem da meimoa e a chuva continua escassa para acordar da hibernação os peixes do rio. Ainda que as pistas de natação continuem a servir utilizadores imaginativos...moinho_boneco_2.jpg Fotografia tirada na Páscoa de 2005.

quinta-feira, abril 14, 2005

Fim de semana Gastronómico em Penamacor

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Penamacor

Sei que é difícil, mesmo quase impossível, mas gostava que numa terra como Penamacor, em que que já somos poucos, as motivações de exclusão não estivessem permanentemente na ordem do dia. Afinal, a defesa da nossa terra deve unir-nos mais do que a divisão das nossas opções políticas, ideológicas, ou até pior e mais frequentemente, divergências de ordem pessoal que se pretendem confundir com as opções políticas locais.
Talvez por este sentimento, e apesar de querer colocar neste blog a ordem do dia de Penamacor, não vou ceder à tentação de o alinhar com a espuma dos dias...

segunda-feira, abril 11, 2005

Assistência médica 24 horas por dia

Foi um compromisso que a actual equipa da Câmara Municipal assumiu e que cumpriu. Em final de mandato autárquico, e não duvidando do valor da medida, devemo-nos interrogar se terá valido a pena o encargo financeiro e se, por outro lado, não deve ser a Administração Central a sustentar esse pesado encargo.

sábado, abril 09, 2005

Aldraba, aldrava, batente... um pretexto

Foi nas férias de Verão do ano passado, algures entre a Benquerença e Ávila, que comecei uma actividade para-cultural: fotografar aldrabas. Numa pesquisa superficial pela Benquerença não encontrei muitos exemplares.
A maioria das casas antigas provavelmente eram demasiado humildes. Ter uma aldraba na porta não era para todos. Predominavam os pica-portas, a chave na fechadura (ou muito bem escondida logo ali ao lado) ou, simplesmente, as portas que se empurravam ou que estavam sempre abertas. Para quê uma aldraba?
Hoje é um pouco mais difícil encontrar esta franqueza beirã. Alguns assaltos recentes trazem a população mais cautelosa.
Fiquem com um exemplar, já do século XXI, que encontrei numa propriedade com pergaminhos, num dos extremos urbanos da Benquerença.
Se encontrar outras aldrabas dignas de nota pelo concelho de Penamacor voltarei aqui para alimentar este pretexto de passeio.

sexta-feira, abril 08, 2005

Bom Sucesso

A capela de Nossa Senhora do Bom Sucesso foi construída em memória duma batalha da Restauração, que naquele local foi travada entre Portugal e Castela. Todos os anos, no segundo domingo seguinte à Páscoa, Portugueses e Espanhóis confraternizam. Dias depois será em Espanha, por ocasião do Santo Isidro.

quinta-feira, abril 07, 2005

Benquerença

Espero que o Jorge me perdoe mas a minha primeira participação no Penamacor vai ser com um auto-plágio de um texto com quase dez anos já publicado noutros sítios. É uma estorinha sobre uma terra que eu cá sei.

“Can you tell me where my country lies?”
said the unifaun to his true love’s eyes.
“It lies with me!” cried the Queen of Maybe
- for her merchandise, he traded in his prize.


Excerto de «Dancing With The Moonlit Knight», Genesis,
Álbum SELLING ENGLAND BY THE POUND, 1973



I

(...) Acabaram as aulas. A turma saiu da sala e dispersou-se rapidamente.
Distribui duas ou três «boas festas», mais uns quantos votos de «boa viagem» e ala para os beirais da serra; conforto e descanso é que se desejam, para corpo e alma. Mas este ano a serra é a de todos os dias; este ano, para variar, é Sintra que enfrenta a memória de outras férias passadas num vale à raia de Espanha, num buraquinho da Cova da Beira.

Talvez porque o ambiente e o cenário sejam propícios a nostalgias, talvez porque a saudade seja forte e genuina, despeço-me da Pena, fecho os olhos e recordo.

II

A aldeia

A sudeste, por entre meandros de vales contínuos que, caprichosamente, se sobrepõem e, em determinados pontos, prolongam o horizonte, adivinham-se terras de Espanha.
A noroeste, bem visível, surge a Estrela imponente e desafiadora. Não sei se as montanhas têm perfil mas se tiverem é assim que, daquela aldeia, se vê a Estrela.
Nos outros extremos erguem-se os amparos que completam a identidade do vale - rivalidades de duas montanhas que se aventuraram há milénios numa prova de resistência entre blocos de granito e maciços de xisto. Da distância escavada nasceu um vale largo, plano, fértil, muito raro.

Na noite da véspera de Natal, enquanto se celebra a cerimónia da missa do Galo, a grande maioria dos homens da aldeia fica no adro da Igreja em torno do secular madeiro de troncos de carvalho, pinheiro e castanheiro. Os «rapazes do ano» - os que esperam a incorporação num dos três ramos das forças armadas - descansam, finalmente, do grande andor em que viveram nos últimos dias. Passaram parte do mês acarretando camionetas e mais camionetas de toros e troncos para fazerem o mais alto, mais duradouro e mais brilhante madeiro em todo o vale da Ribeira da Meimoa; uma autêntica estrela a anunciar O menino! Mas que descanso permite a sua idade quando há o vinho novo pronto a provar, quando o contraste da fogueira monumental com o noite gélida entorpece os corpos apelando ao movimento constante tão bem satisfeito numa moda? E que dizer então quando os deveres religiosos estão cumpridos e o adro se completa com as «raparigas do ano»? Confesso que a “malta” de hoje raramente vai em modas e, também nesta aldeia, começa a ser mais cerveja do que tintol, ainda assim, mantém-se como uma das muitas seculares tradições desta noite, a troca, em torno do grande lume, de todos os primeiros olhares que ainda há para trocar. A promessa de amor (outra das tradições sobreviventes) já terá lugar, muito provavelmente, no aconchegante conforto do bafio da uma boate [isto não se escreve assim, pois não?] da aldeia - o bafio é o universal, nada tem de típico ou de pitoresco.

Voltemos às tradições. A que aqui me trouxe foi a de contar e ouvir contar histórias.
Todo o dia é bom dia para contar histórias, mas no Natal os avosinhos e avosinhas, perdão, as avosinhas e os avosinho parecem mais embuidos do espírito, o que, adjuvado pela existência de uma plateia mais estimulante e atenta - os jovens rebentos da família emigrada - torna mais provável esse momento de sempre espantosa beleza.
Me proponho contar-vos uma história, mas tenho de vos esclarecer que é, em última análise, uma composição das várias versões que fui ouvindo, em vários natais, pela boca de cada um dos meus avós . Em memória deles e pela minha memória, cá vai.

III

A querença


Há muitos, muitos anos - à distância a que se fazem as lendas - os homens desta região ficaram em paz e sossegaram os corações. Então, abandonaram os seus castros altaneiros e foram-se fixando um pouco por todo o vale.
No início, seriam apenas três, as famílias que formaram o núcleo original da aldeia cuja história vos conto. Juntos, partilhavam todas as tarefas, alegrias e tristezas fazendo-o com tanto amor e desinteresse, que impressionaram todos quantos passaram por aquele local do vale: o mais verdejante e bem amanhado, bem perto da generosa ribeira que a Malcata já então oferecia.
Era tamanho o bem querer transparecente da relação entre aquelas gentes, que não tardaram em ser conhecidos por todos os ajuntamentos do vale como os benqueridos.
Mas não termina aqui a história deste povo, como em muitos outros fados também o deles reservava provações. Sucessivamente, sofreram com as pragas de gafanhotos vindos de Espanha e sofreram com as pestilências e enxames de insectos oriundos dos muitos pântanos que pontuavam o vale. Só o ferrenho sentimento de entreajuda lhes permitia sobreviver a tais reveses, reconstruindo o sonho tantas vezes derrubado. No entanto, mais uma vez, o destino acrescentaria crueldade e tragédia às provações anteriores. Um dia, enquanto se entretinham com as ceifas, não se aperceberam dos subtis sinais que alertavam para a desgraça. No fim da manhã, surgiu um estranho mas discreto ruído que se avolumou lentamente. Contudo, só já perto do sol posto, associaram a agitação em que andaram os estorninhos, durante boa parte da jornada, a algo incomum, diverso da rapina. Adivinharam a tragédia quando viram o cimo da pequena colina, que os separava de suas casa, cobrir-se de um imenso tapete negro. Este perigo, quase invisível aos sentidos e implacável, tomou-lhes as casas, os animais e os filhos indefesos que por lá ficaram.
O horror e o desgosto não mudou estas gentes... Fê-los mudar de ninho mas não mudou o que os unia. Em resposta à tragédia, também o seu sentimento se acrescentou. Escolheram um local mais seco e de terras menos dadas às formigas; aproximaram-se da serra, ficando a meio caminho entre a floresta e a ribeira e seus pântanos. Mais uma vez sobreviveram e, finalmente, foram mais longe. Criaram raizes naquele lugar e chegaram a ver uma aldeia crescente em gente de geração própria e vinda de terras alheias. Vinham de terras onde se ouviram histórias de um lugar de gentes santas que haviam vencido, com o seu amor e determinação, todos os espinhos que se podem esperar em domínios da lavoura e pastorícia.
Hoje, não merecerá mais o seu nome do que qualquer outro lugar do país. É uma aldeia vulgar, distinta, talvez, pela forma como concentra tantas particularidades do universo da ruralidade portuguesa. Poucas haverá que possam testemunhar tão variados aspectos da história do interior deste país. Poucas haverá que possam continuar a significar na história do interior deste país.
Não sei se és a minha terra, mas quero-te bem Benquerença.

Mem Martins, de 18 a 26 de Dezembro de 1995
(excerto de um texto publicado em 1996 no DN Jovem)

quarta-feira, abril 06, 2005

Dia 7 de Abril é o Dia Nacional dos Moinhos.

E lembrei-me que muitos penamacorenses não conhecem o seu concelho. Quantos conhecerão os moinhos da bazágueda? É uma visita que recomendo e que merece uma divulgação.

terça-feira, abril 05, 2005

Penamacor tem futuro? (II)

No último post abordei aquilo que, para mim é uma das prioridades para o desenvolvimento de Penamacor: a ligação à A23. Voltarei ao tema pela sua importância, mas também por uma discussão que está na ordem do dia: os portugueses não investirão demais nas infra-estruturas físicas em detrimento da valorização dos seus recursos humanos?

E é neste ponto que queria lançar mais uma ideia. Para além da ligação viária não deveríamos tentar apostar na criação de mais uma escola em Penamacor? E se sim qual o tipo de escola que mais interessaria e se adaptaria a um concelho como Penamacor?
A Universidade, velho sonho do Prof. Dr. António Martins da Cruz, ilustre Penamacorense que criou e dirige a Universidade Lusíada?
Uma escola profissional ligada às actividades profissionais mais relevantes e passíveis de fixação no concelho?
Um simples pólo do Instituto Politécnico de Castelo Branco ou da Universidade da Beira Interior (e não como alguns dizem da Covilhã)?

Independentemente da opção, a meu ver sempre positiva, Penamacor precisará de duas infra-estruturas que a suportem: a ligação ao A23 e a criação ou recuperação de alojamentos e residências.

segunda-feira, abril 04, 2005

Penamacor tem futuro? (I)

Muito se tem discutido sobre as causas do atraso e até do retrocesso do Concelho de Penamacor, em especial na última parte do século XX.
A discussão "Penamacor tem futuro?" não é de hoje, nem sequer dos últimos dez ou vinte anos. É antes uma questão que nos tem angustiado a todos nós desde que sentimos que a nossa terra tem vindo a perder população, influência e poder económico.
E este definhar acontece quando comprovadamente o concelho dá ao país, e desde sempre, quadros políticos, técnicos e na área das humanidades.

Num pais onde cerca de 80% da população reside na linha costeira entre os distritos de Braga e de Faro, o investimento no interior tem vindo a ser esquecido, até pelas razões eleitorais mais básicas.
Recuperar, num ápice, aquilo que Penamacor era, em termos de importância regional, e até nacional é uma tarefa impossível. É todavia possível, sem dúvida construir no nosso concelho um conjunto de infra-estruturas que tornem a vida no concelho de maior qualidade e que sejam factores de crescimento económico, de população e de influência.
Hoje deixo-vos apenas uma:
a construção de uma ligação à A23 (na zona Fundão/Covilhã) é determinante para que Penamacor possa apostar no seu desenvolvimento e na qualidade de vida.
Ganharia claramente com isso o turismo regional (que ainda agora dá os primeiros passos), a ligação ao Hospital da Cova da Beira e à Universidade da Beira Interior, bem como a possibilidade de Penamacor poder ganhar (pela primeira vez na sua história) um acesso rápido ao caminho de ferro.
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